Minha avó sempre me dizia: " Não ponha o carro na frente dos bois "; e eu nunca dava ouvidos, sempre me precipitava. Sempre deixei de guardar meus próprios segredos, sempre vivi antecipado aquilo que eu pensava que ia acontecer. Outra vez, dia desses, ouvi uma conversa do meu tio e ele dizia: " Não compre curativos esperando um dia se machucar "; e o problema é que eu comprei, sofri tanto antes que tudo acontecesse. Pus tantos curativos sem corte algum que quando de verdade me machuquei, já estava com demasiada dor mentalmente e não tinha sobrado curativos para colocar na ferida. E sofri mais, com a ferida aberta, juntando moscas. Sofri tanto que ainda hoje sofro, mas minha memória só lembra da dor quando anoitece. Mas deixa pra lá, a ferida sempre fecha; umas vezes deixando cicatrizes, outras não.


Por: Andressa Martins S.M.B
De um homem quase apaixonado

Tanto pude dar sem nada receber
e você só me tem dado aquilo que ninguém quer.
Serpente. Eva. Depois bruxa, cigana, mulher.
Único ser capaz de desenvolver desprezo
fingindo ser amor, paixão, ternura.
Capaz de ver alguém sorrir e lhe fazer chorar.
Conclusivamente te ordeno: 
- DEVOLVA MINHA COSTELA!

Por: Andressa Martins S. M. B.
Estória mal contada
 
 Ela me disse exatamente tudo que eu não queria ouvir, que eu fechava os olhos pra não ouvir e os ouvidos pra não ver. Em pensar que foi tudo de tão bom grado, mas ela chegou com uma bolsa cheia, uma cara de descontente mordida por algum bichinho que passa raiva e disse de uma só vez, rápido, sem balbuciar:

- Ele não gosta de você!
E eu, sentada na cama, só não desmaiei porque segurava o notebook, mas ainda sem entender perguntei:
- Anh? O que foi? Brigou com seu namorado?
- Não, eu acho que é você quem deveria acabar com seu "pseudo", ele não gosta de você!
E fui perdendo o fôlego, a cor rosada das bochechas e a força dos dedos que queriam digitar. Mais ainda com muita dificuldade, consegui perguntar gaguejando:
- Pô pô porque tá dizendo isso?
Ela sorriu irônica e disse:
- Ora, tá na cara ...
E foi falando mil e um detalhes que na teoria é muito mais que verdadeiro. E finalmente me disse a frase que nunca esquecerei:
- Deixa disso, amanhã quando acordar, lembra do que eu te disse e esquece isso, deixa passar! Até porque tá na cara, você é que não quer enxergar!
Cheeeeeega, já tá de bom tamanho, ora "quando eu acordar", eu nem dormi. Fechava os olhos e a frase me vinha como um slide, um flash, num data-show; e como um fim, um desabamento, uma morte, um descontento...
"Tá na cara, você é que não quer enxergar...não quer enxergar, enxergar, enxergar ..."


Por: Andressa Martins S.M.B


 Num banco vazio
Caso você não me encontre mais aqui quando voltar, saiba que eu não fui pra sempre, eu apenas deixei o tempo te mostrar as verdadeiras importâncias na nossa vida. Caso você esqueça meu nome, eu estarei em lembrança sua pelo que representei e não por minha aparência. Caso você não mais leia meus textos, meus desejos e minhas inúmeras declarações; minha sabedoria ainda assim andará contigo. Caso você não me revele seus sonhos ou seus medos, sei que onde eu estiver, poderei te ajudar; com um sorriso, com uma palavra, um olhar ou um pensamento. Caso o acaso não nos dê sorte, apelarei pra o destino, ou pela razão e ela há de ser bem forte e convincente. E se eu não representar nada, saiba que eu estive aqui por muito tempo e hoje a porta está quase por se fechar. Ainda existe tempo,dependendo da velocidade de sua corrida você pode entrar por uma brecha, ou então chegar tarde demais. Não se intimide. Seja direto. Vá direto ao ponto, à porta.

Andressa Martins S.M.B


Porque tudo vira pó?

       D i  s s o l v e -se,
                           vira  pó.
      Mistura-se com a
        areia
e se     afoga    no mar.
   Vira pó.
 Maré,   água,    sal.
      Pó         feito areia movediça
que se escorre
                   pelos dedos
quando vez por outra queremos
                   segurar.
É tudo em vão,
 NÃO,     vira pó.
          que vicia,
                        que some,
                                       sem ninguém perceber.
O resumo é o pó.
O sol vira pó,
a terra, os animais,
                         os homens,     as    a m i z a d e s.
Feito aquilo que pouco se recorda
           pelo simples fato de ter

                             D
                                 es
                                      a parecido.

                                                          
Andressa Martins S.M.B
escrito em:28/08/2010

p.s.: domingo, depois de tanto ouvir o professor de história falando dos filósofos, encontrei resposta pra pergunta inicial do poema ... termino assim esse post com uma frase célebre:

"Tudo que é sólido desmancha no ar"
Incondicionalidade
 Essa é a palavra
que vez ou outra tenta descrever
aquilo que existe
jungido, coeso.

Quisera galgar passos
ou trilhar caminhos do presente
do ser,
incondicional.

Da guria que pinta os olhos
e as unhas
vermelhas.
Ao coração lhe dito acelerado.

Tranquilidade 
aceleradamente emocionada
o desejo escorrendo nos dedos
escondendo-se no vergonhoso sorriso.

Despir a carne
vestir ternura.
Inimaginável, quase surreal.
Quase utópico.
Incondicional.

Andressa Martins S. M. B
Escrito em: 09/08/2010

Relembrei alguns fatos, algumas fotos e ligações
irrisória quantidade de mensagens quando
comparadas ao grande amor que
assumo por você sentir.
Reconhecer que não há nada mais que se possa fazer
diariamente tendo compahia tua;
ociosamente esperando riso teu, toque, movimento...
Mormente se proscreve a probabilidade de
esquecer os vestígios que deixou em mim
uni ou bilateral, não há importância maior que o contrato
amigável que prometemos seguir.
Mesmo assim continuo te amando
orgulhosa de mim mesma,
recordando sorrisos e vontades caladas,
nociva, tão parecida com o veneno que
aparentemente não tomei
o perfume que nunca tive,
destilados nos poros
e arrepiando os pêlos, trazendo-me
saudade, desejo, "sozinidão".
Irreal como a algo que não se pode dar razão,
sentir o que o coração fala, mesmo escutando a carne.
Titubiando baixo, em cochichos.
Inevitável, forte, tranquilo.
Revirador, atormentador, que aparece
e se mistura com o amor, o amor
Incondicional.

Andressa Martins S.M.B
escrito em: 18/08/2010



Demorei nem mesmo um dia pra descobrir o quão sozinho cada um é. É tanto, é muito. Muito sozinho. Recordei Guimarães Rosa, é aquela "sozinidão", matuta, calada, não de pia, e sim de costume breve. A perda é acentuada com o excesso de nada e assim se torna mais doloroso. Anti-depressivo. Anti-alérgico. Anti, anti, profilaxia. A falta, falta do que não se teve, do que nunca existiu. É mais que estar sozinho, é mais que sentir saudades, é a Sozinidão.


(Dedico a minhas amigas-irmãs Amanda Beatriz e Amanda Castro)
Andressa Martins S. M. B 
escrito em 07/08/2010

Momentos. Nada é 100% bom ou 100% ruim. Existe o inverno, mas também o verão. Inconstância. Mudança. Renovação. Só se dá devido valor à chuva quem sentiu o castigo do sol, daseca, do sertão. Só se alegra em andar descalço quem por muitas horas calçou sapato apertado. O sorriso mais contagiante é aquele sorriso feliz, de alívio, depois de uma tarde inteira de choro, uma semana talvez. Os acertos só são louváveis pela existência dos erros, senão todos seriam iguais, fariam coisas iguais; sem erros ninguém enxergaria os acertos como virtudes, e sim como algo comum. Confiança. Quando 50% ruim aparecerem. Ande devagar, mas nunca pare. Só sabe o gosto da vitória, quem já se sentiu derrotado e teve confiança em si próprio e acreditou um dia vencer. Quando maus os 50 % aparecerem, Deus estará com você, você sentirá isso. As vezes a dúvida vai aparecer, mas com o vento que acalma, a cama que acolhe e a água que refresca; terás a certeza, não estais só, está de mãos dadas com sua confiança, sua maior compahia: você mesmo!


Andressa Martins S.M.B
Escrito em: 06/07/2010
Frio. Da água que condensa na cobertura dos carros e da neblina cinza que colore essa noite. O samba, a fogueira e a caneta preta que falha, insistindo assim em fracassar minhas idéias. Ultimamente ando tão egocêntrica: eu isso, eu aquilo, eu... Fazer o quê? Só sei que fiz de tudo e o frio não passou, ninguém me esquentou (Sinceramente? Não me fez falta alguma). O chimarrão quente que eu não tomei. A bota preta de salto que eu não usei. Os contos que não criei, e o inverno que já se vai. Mas hoje ainda faz muito frio, uma noite boa; nem doce demais, nem amarga ou azeda. Digo apenas que hoje à noite senti gosto de coca-cola. Degustando aos poucos. Fria. Gelada, porém saborosa!

Por: Andressa Martins S.M.B
Escrito em: 04/07/2010